As variantes do esquecimento são verdadeiramente muito complicadas de definir, para além de serem também muito rígidas. Através da minha observação consigo vislumbrar apenas quatro vertentes:
- Aquilo que não queremos esquecer;
- Aquilo que não pudemos esquecer;
- Aquilo que queremos esquecer;
- Aquilo não queremos nunca relembrar.
Isto é realmente um exercício muito interessante, porque qualquer ideia que nos venha ao pensamento, poderá ser imediatamente "arrumada" em cada estante que defini anteriormente.
Haverá certamente coisas que nenhum de nós quererá jamais esquecer; Qual de nós gostaria de tirar do pensamento aqueles momentos felizes que passamos com a família, com os amigos ou mesmo sozinhos? São estes momentos que recordamos em momentos relaxantes, numa mesa de café ou mesmo num momento de mais pessimismo, tendo em vista inverter a situação... Acredito que nem mesmo a mais fulminante das amnésias seria capaz de me arrancar essas recordações.
Existem depois as coisas que jamais poderemos esquecer; Imaginem o caos em que se transformaria a vida do mais comum dos cidadãos, se este se esquecesse onde mora, qual o seu carro, qual o código do seu cartão de débito, onde trabalha, ou do Ser Humano que esquece a cara dos familiares, da namorada ou do seu animal de estimação... Caos completo e uma completa inexistência justificada, seria esse o resultado!
Surgem após estas duas a mais complicada (ou talvez não)... É no entanto matéria assente que todos nós já tentamos esquecer algo, arrancar e destruir um pensamento uma recordação, um pesadelo, um erro cometido, uma situação embaraçosa, uma critica destrutiva, um sentimento... Há até quem tente esquecer uma vida completa, mais trata-se aqui de casos mais extremos...
Todavia, trata-se de uma situação recorrente e plenamente aceitável uma pessoa tentar esquecer algo, da mesma maneira que não quer lixo dentro de casa.
Embora a quarta vertente aparente estar directamente ligada com esta, eu penso que é uma coisa completamente oposta. Nesta, tenta-se a todo custo esquecer o "objecto alvo" recorrendo a todos os meios, tendo normalmente como resultado a própria destruição pessoal... Esta não é realmente a melhor maneira de eliminar problemas... Mesmo nunca e tendo experimentado, dá para ver ao longe que não é assim que a coisa funciona...
Levar a vida, sem tentar fazer substituições directas de objectos... Dia após dia a "equipa de limpeza" tratará de fazer o seu serviço, e até a maior das nódoas será retirada...
Living with a smile - That's the secret...