terça-feira, agosto 07, 2007

Sorri....

Relembro como se fosse agora aquele momento em que passaste por mim, e embora me custe, admito que impulsivamente o meu rosto esboçou um sorriso.
Tenho plena consciência de que não me avistaste, mas eu fiquei feliz por te ver assim, triste e com o ar embaciado, forte indicador de sofrimento.
Sim, tinha tomado essa decisão há já longos dias, restando apenas a dúvida do modo mais doloroso e passível de maiores consequências negativas.
O tempo era pouco mas a engrenagem estava bem testada e não me trairia.
Quando menos esperavas e no preciso momento em que tinha conquistado toda a tua confiança, espetei o punhal e rodei vezes sem conta, ouvindo-te suplicar, ainda que com arrogância, que tudo aquilo se detivesse por ali.
Tudo tinha dado certo! Mesmo o meu receio, que o teu extremo sadismo se viesse a manifestar durante o processo, se dissipou quando ao olhar-te me pediste em silêncio enormes desculpas por tudo o que fizeras.
Hoje confirmei as consequências do que gerei em ti, que se traduzem nesse olhar cego e incapaz de se levantar para onde quer que seja. Finalmente te encontras de acordo com tudo o que condiz contigo.
Solidão, hoje estás só porque no passado te abandonei...

1 comentário:

Susanna disse...

Quase… ainda pior do que a convicção do não e a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase!
É o quase que me incomoda, que me mata, trazendo tudo o que poderia ter sido e não o foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou, não amou!
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas oportunidades que se perdem por medo, das ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver á sombra da vida….
Pergunto-me, ás vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não pergunto, CONTESTO!

A resposta sei-a de cor, está estampada na indiferença dos “bons dias” quase que sussurrados…. Sobra cobardia e falta coragem até para ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai….
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris seria em tons de cinza……
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas aumenta o vazio que cada um trás dentro de si.
Não é que a fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance para as coisas que não podem ser mudadas, resta-nos somente paciência, porém, preferir a derrota prévia á dúvida da vitória, é desperdiçar a oportunidade de merecer….

Para os erros há o perdão; para os fracassos, oportunidades; para os amores impossíveis, tempo… De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma…

Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor, não é romance…

Não deixes que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo te impeça de tentar. Desconfia do destino e acredita em ti!

Gasta mais horas realizando que sonhando, fazendo que planeando, vivendo que esperando, porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive, já morreu.